Quando analisamos sua combinação e composição, fica claro que ambos contribuem positivamente para a nutrição humana, tanto pela diversidade de espécies quanto pela riqueza de nutrientes. Isso acaba desmistificando o mito de ganho de peso quando combinados. A questão aqui é que tanto o arroz quanto o feijão têm vários nutrientes essenciais que fazem a diferença para a nossa saúde.

 

O que é um nutriente essencial?

Nosso corpo não consegue “produzir” muitos dos nutrientes que regulam várias funções corporais diárias, e por essa razão, eles devem vir da nossa dieta. A partir desse ponto, o conceito de essencialidade fica claro.

 

Os benefícios do arroz

O arroz (Oryza sativa), é um dos cereais mais consumidos no mundo tendo o amido como macronutriente predominante, mas ainda podemos encontrar vitaminas, minerais e um baixo teor de lipídeos. 

O processo de preparo, neste caso o polimento, resulta em redução no teor de nutrientes, originando diferenças na composição do arroz branco e integral, mantendo apenas concentração de amido estável, independente do processo ao qual o alimento foi submetido. 

Além da grande quantidade de energia proveniente deste carboidrato de cadeia mais complexa, o arroz também nos oferece aminoácidos, sem contar a sua diversidade de sabor e de espécie: branco ou polido, integral, cateto, negro, basmati, jasmine. 

Esta mesma espécie pode interferir na quantidade de proteínas, sendo a glutelina uma das mais afetadas. Porém a qualidade proteica depende do seu conteúdo de aminoácidos e similar a outros cereais, a lisina é o aminoácido limitante, podendo, portanto, afirmar que da classe dos cereais, o arroz é aquele de balanço aminoacídico mais completo. 

Ainda falando sobre o arroz, o conteúdo mineral é grandemente influenciado pelas condições de cultivo, fertilização e condições do solo. Com a parbolização observa-se o aumento no conteúdo mineral já que ocorre a migração dos minerais da camada externa para o endosperma durante o processo. Em se tratando de vitaminas, as principais são as do complexo B e E na forma de alfa-tocoferol, com concentrações insignificantes de A, D e C.

 

Os benefícios do feijão

Ao falarmos do feijão (Phaseolus vulgaris L.), este alimento apresenta todos os aminoácidos essenciais, sendo rico inclusive em lisina, porém limitante nos sulfurados como a metionina e cisteína. 

Quando comparado com a soja, possui menor quantidade de aminoácidos, porém, os seus aminoácidos são mais disponíveis do que aqueles presentes na soja, favorecendo o aproveitamento deste nutriente pelo nosso organismo. Alimento rico em ferro de origem vegetal, tem grande concentração de fibra alimentar, principalmente do tipo solúvel, além do potássio, ferro e fósforo. 

Tanto o arroz como o feijão são alimentos que traduzem a regionalidade da culinária brasileira e, quando associados, estes dois alimentos completam-se por conta de seus aminoácidos limitantes (arroz = lisina e feijão = metionina), tendo como resultado uma combinação de aminoácidos que pode assemelhar-se a uma proteína de origem animal, do ponto de vista de biodisponibilidade, além dos muitos benefícios à saúde humana. 

Porém, para conseguirmos melhorar ainda mais este conteúdo nutritivo, é interessante aplicar a técnica do remolho antes do cozimento do feijão, de forma a neutralizar a ação de substâncias “quelantes” como, por exemplo, o ácido fítico e garantir maior disponibilidade dos nutrientes ali presentes. 

A partir de agora, sempre que for montar o seu prato, lembre-se de que a proporção da mistura de arroz e feijão consumida deve ser de, aproximadamente, 30% de proteínas provenientes do arroz e 70% do feijão e que estes alimentos, quando em quantidades adequadas para o seu balanço calórico, não engordam, pelo contrário, só garantem saúde para o seu corpo.

Embora tenhamos observado uma redução no consumo desses alimentos pela população, acredita-se que a população brasileira, seja por questões de tradição cultural, econômicas ou nutricionais, continuará consumindo-os, e poderá fazê-lo sem peso na consciência ou na balança.

E se quiser saber a melhor forma para perder peso, confira minha matéria sobre trocas alimentares para emagrecer de forma saudável.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

 https://www.agrolink.com.br/
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos – TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: UNICAMP/NEPA, 2011. 161 p. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela>. Acesso em: 20 out. 2012.
Walter, M et al., Arroz: composição e características nutricionais. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.4, p.1184-1192, jul, 2008. De Lima, ACP et al,. Composição de aminoácidos e cereal matinal de arroz e feijão. 
15o Seminário de Iniciação Científica da EMBRAPA 24 e 25 de agosto de 2011 Embrapa Amazônia Oriental, Belém-PA Ribeiro, ND et al., Composição de aminoácidos de cultivares de feijão e aplicações para o melhoramento genético. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.42, n.10, p.1393-1399, out. 2007.