Tenho observado um aumento de gestantes mais conscientes e nutridas de informações em busca de acompanhamento fisioterapêutico especializado. Além das mulheres que nos procuram por indicação e encaminhamento do obstetra, é cada vez maior o número de mulheres que se tornam pacientes já conhecendo os benefícios da fisioterapia pélvica ou buscando uma gravidez mais assistida e saudável, e um pós-parto mais tranquilo.
Ao contrário do que muita gente pensa, poucas nos procuram com objetivo de uma via de parto específica —natural ou vaginal. A grande verdade é que a fisioterapia pélvica tem por essência cuidar de toda a saúde da mulher e atender às demandas de todas as mulheres, independente da via de parto.
Dentro dessa demanda, o taping pós-parto tem sido a menina dos olhos de muitas gestantes e puérperas. Sim, vejo muitas mulheres em busca de informações da aplicação do taping. Mas afinal, seria essa mais uma modinha? Nessa matéria, conversei com quem entende de verdade do assunto. A fisioterapeuta da Clínica La Posture, com formação pela USP e pós-graduada em saúde pélvica pela UNICAMP, Dra. Thais Sawada.
Aplicações do taping
Talvez você já tenha visto algum atleta fazendo uso do taping, já que há anos ele é utilizado na ortopedia e nos esportes pelo pessoal em busca de estabilidade articular, para ativar ou inibir uma musculatura e promover o alívio de dores.
Mas a aplicação ganhou recentemente mais espaço na área de obstetrícia. A especialista explica que o taping tem diversas aplicabilidades, e pode ser utilizado com objetivos distintos em diferentes fases da vida da mulher, com os seguintes benefícios:
Aplicação na gestação: durante a gestação, em especial no terceiro trimestre, são bem comuns queixas como inchaço do corpo, dor lombar e sensação de barriga pesada. Dra Thais reforça que as bandagens podem ser usadas em todos esses casos, podendo auxiliar e ser um coadjuvante de um plano de tratamento que envolve recursos e técnicas distintas, além da cinesioterapia.
Aplicação no pós-parto: no pós-parto, inchaços e dores decorrentes da gestação podem persistir, e outras dores novas ainda podem surgir devido às demandas com o bebê —leia a matéria que falamos das principais relacionadas.
Na mídia, muitas famosas divulgaram o taping na forma compressiva de aplicação (a barriga aparece toda coberta por faixas). Neste caso, ele funciona como uma forma de dar mais conforto e estabilidade abdominal, além de ajudar a controlar a inflamação na região, auxiliando inclusive na cicatrização de uma cesárea, por exemplo.
A fisioterapeuta reforça que o taping irá apresentar benefícios distintos de acordo com as queixas. Mas é importante ressaltar que a aplicação do taping não é uma terapia, ele é apenas mais um recurso utilizado nos consultórios de fisioterapia pela fisioterapeuta pélvica e que não deve ser usado como mono-tratamento. Ele só trará reais benefícios se e quando associado a outras orientações ou até recursos de fisioterapia, de acordo com cada caso.
Para facilitar, pedi para a Dra Thais Sawada nos orientar, de forma bem simples e didática, as indicações e contra-indicações em que o taping pode ser usado na gestação e no pós–parto. Algumas das mais comuns são:
- Redução de edema;
- Melhora da sensação de barriga pesada durante a gestação;
- Redução de dor lombar;
- Conforto abdominal e controle da inflamação no pós-parto;
- Prevenção de cicatriz hipertrófica;
- Estímulo para a ativação da musculatura abdominal no tratamento de diástase;
- Melhora de sintomas relacionados a síndromes como túnel do carpo e D’quervain.
Porém, existem algumas contraindicações: pele frágil ou que não esteja íntegra (com feridas, por exemplo), alergias e alterações de sensibilidade. É muito importante, em especial no pós-parto, fazer testes de sensibilidade na pele antes de aderir a algum tratamento. Também não é indicada a aplicação sobre tumores e infecções ou em pessoas com alterações vasculares. Acompanhe nosso bate-papo com as 2 perguntas mais comuns das pacientes e as orientações da fisioterapeuta especializada:
Dra. Renata Luri. Há alguma medicação no adesivo?
Dra Thais Sawada. “Não há nenhuma medicação no taping. Sua ação ocorre de acordo com a forma de aplicação que a fisioterapeuta realiza. Por exemplo, caso o objetivo seja reduzir inchaços, ele cria um espaço entre a derme e a epiderme, gerando uma diferença de pressão que facilita o deslocamento da linfa e favorece um melhor funcionamento do sistema linfático. Além disso, o estímulo de receptores que temos em nosso corpo ativa vias neuromusculares que inibem a dor, o que leva a um maior conforto da paciente”.
Dra. Renata Luri. Além do uso do taping, qual outro recurso ou técnica poderia ser usada durante esse período pré ou pós-parto?
Dra Thais Sawada. “Sei que muitas gestantes nos procuram pois querem apenas alguém para aplicar o taping no pós-parto. E de fato, talvez possam existir profissionais que apliquem apenas o taping —mas não acredito nessa forma de trabalho, que pode ser um risco para a paciente. Acima de tudo, gosto de reforçar que o taping é apenas uma das opções de recursos úteis no atendimento à mulher”.
“É importante que a mulher —independente se nos busca no pré ou pós-parto —passe por uma avaliação fisioterapêutica para que a profissional possa identificar as suas necessidades e, dessa forma, traçar a melhor linha de tratamento, escolhendo e avaliando se há uma necessidade real em aplicar o taping e associá-lo a outro recurso naquela paciente”.
“Eu, particularmente, utilizo muito o laser terapêutico nas puérperas, e há evidências consistentes na literatura sobre isso, podendo auxiliar na cicatrização da cesárea ou episiotomia, e reduzindo dores quando há dificuldades na amamentação, por exemplo. Utilizamos muito também a terapia manual, drenagem com foco na gestante, a acupuntura, técnicas de relaxamento e, principalmente, os exercícios específicos que são muito bem-vindos tanto no pré quanto no pós-parto! Isto é, o atendimento sempre é mais amplo e não se restringe a um aparelho ou a uma única técnica”.
“A gestação e o puerpério são apenas alguns momentos em que as bandagens podem trazer conforto e benefícios, mas um verdadeiro atendimento de fisioterapia em saúde da mulher deve contemplar o cuidado global. Todo recurso e técnica utilizados precisam ser feitos individualmente e cada paciente deve ter acesso a essa informação”.
Colaboração: Thais Naomi Sawada
CREFITO 3/351849-F
Acompanhe aqui, as aplicações comuns feitas em gestantes. E aqui: aplicações comuns feitas no puerpério!
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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