Conhecido cientificamente como Allium sativum, o alho foi amplamente estudado ao longo dos anos, comprovando sua ação na redução do risco para diabetes mellitus tipo 2, elevação do colesterol, glicemia e pressão arterial. Ainda, os ativos do alho podem atuar contra infecções e possuem propriedades antimicrobianas, antifúngicas e, até mesmo, antienvelhecimento.
Foi relatado que o alho contém vários compostos, como quercetina, alicina e allin. É importante ressaltar que o cozimento reduz a capacidade funcional desses compostos e, portanto, o alho cru possui maior quantidade ativa de compostos bioativos, que promovem efeitos benéficos, do que o alho utilizado no preparo de alimentos. Como o consumo de alho cru não é algo tão agradável, podemos utilizar cápsulas de alho, que apresentam maior concentração dos ativos benéficos. Portanto, vou te apresentar algumas das propriedades mais interessantes do alho.
- Atividade antifúngica:
O extrato de alho apresenta efeito fungicida contra uma ampla gama de fungos, incluindo as espécies Candida, Torulopsis, Trichophyton, Cryptococcus, Aspergillus, Trichosporon e Rhodotorula. Os compostos presentes no alho podem afetar a parede celular do fungo, causando alterações estruturais irreversíveis nas células fúngicas, afetando a capacidade proliferativa do fungo.
- Efeito na dislipidemia:
A dislipidemia é conhecida por ser a principal causa de infarto do miocárdio e doenças cardiovasculares, e é definida por níveis elevados de triglicerídeos (TG), LDL, colesterol total (CT) e por baixos níveis de HDL. Vários estudos encorajam o papel significativo do alho, e dos seus fitoquímicos, no tratamento da hipercolesterolemia, impedindo a produção do colesterol no fígado, bem como, inibindo a oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL e HDL). Vários ensaios experimentais e clínicos foram realizados, em animais e humanos, utilizando diversas preparações de alho que exibiram resultados expressivos. Foi demonstrado que a administração de extrato de alho na dose de 300 mg/dia por 12 meses, diminuiu CT, TG e LDL, enquanto aumentou o HDL.
- Efeito no Diabetes Mellitus:
Os compostos presentes no alho podem auxiliar no controle da glicemia. Um estudo clínico examinou a administração de extrato de alho (900 mg/dia) em pacientes com diabetes tipo II e hiperlipidemia, relatando uma redução do colesterol e da glicemia de jejum. Estudos em ratos demonstraram que o efeito da allina, presente no alho, tem atividade semelhante àquela demonstrada por hipoglicemiantes orais.
- Atividade anti-hipertensiva:
O alho tem mais uma função no controle dos fatores de risco cardiovascular, pois é conhecido por diminuir significativamente a pressão arterial sistólica e diastólica. Formulações de alho têm sido amplamente utilizadas para inibir e aliviar distúrbios cardiovasculares, como hipertensão, trombose, hiperlipidemia e aterosclerose. Estudos experimentais em humanos relataram o efeito anti-hipertensivo dos extratos de alho. O alho estimula a produção de óxido nítrico (NO) que promove vasodilatação, e também pode inibir a enzima conversora de angiotensina (ECA), auxiliando no controle da pressão arterial.
Vale observar que o alho não substitui nenhuma medicação e, por mais que tenha efeitos bem interessantes, não podemos negligenciar o tratamento farmacológico quando existe necessidade. Ainda, alguns indivíduos apresentam descompensações metabólicas bem expressivas, não podendo descontinuar um tratamento farmacológico imediatamente. Assim, o alho pode ser utilizado como tratamento, mas é fundamental compreender que o estilo de vida, alimentação e exercício são fundamentais para que os resultados sejam expressivos. Melhor do que tratar uma condição já existente, é atuar como um fator protetor e preventivo, e, nesse caso, o uso do alho é um sucesso.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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