Ir ao supermercado vira uma aventura: prateleiras cheias de produtos novos e atraentes, uma infinidade de opções e a grande dificuldade em saber escolher a melhor opção. No meio desse cenário, estão os pães… Aqueles com grãos, com teor reduzido de açúcar, gorduras, com nutrientes adicionados, ou seja, é uma loucura decifrar qual é a melhor opção para comprar. No entanto, um estudo recente revelou a presença de um nutriente que merece atenção e que não está listado nos rótulos: o álcool.

 

Como o álcool vai parar na massa do pão?

A presença deste ingrediente em alguns pães de indústrias bastante conhecidas ganhou força e repercussão nas redes sociais, surpreendendo muitos de nós. De fato, durante a produção do pão ocorre um processo chamado de fermentação que, para ocorrer, alguns ingredientes como água e açúcares derivados da farinha ou até mesmo o açúcar de adição, são consumidos como fonte de energia por leveduras e bactérias, produzindo compostos que fornecerão volume, sabor, aroma e textura aos pães, ou seja, é um processo que faz parte de sua produção. 

 

A relação do processo de fermentação com o álcool

O processo de fermentação depende da quantidade de água contida no alimento e de outros fatores, como temperatura e tempo. Este último pode durar de 1h30 até 6 horas ou mais, dependendo do resultado desejado. 

Durante esta fermentação ocorre a produção do etanol (álcool), assim, podemos encontrá-lo não somente em pães, como também em outros alimentos fermentados. No entanto, o tema em discussão é a quantidade de álcool presente no alimento após a sua produção, o nível de segurança para o consumo deste produto, e a falta de divulgação desta informação para os consumidores. 

 

Qual seria a quantidade de álcool segura?

Quando falamos essencialmente de fabricação de pães, o álcool que é produzido geralmente evapora no forno ou permanece em níveis pequenos e considerados seguros —existe uma legislação que garante a segurança dos alimentos e, geralmente, essa quantidade fica abaixo do valor que a legislação obriga a reportar, que é de 0,5 % (v/v).  No entanto, para aumentar a conservação e tempo de prateleira dos alimentos, as indústrias adicionam conservantes na preparação destes pães, de forma a evitar a formação de mofo e, neste produto, temos também o álcool, aumentando a concentração, em alguns casos, para os níveis superiores ao que a legislação permite.

 

A falta de divulgação e o perigo no consumo desses pães

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define que bebidas com teor alcoólico acima de 0,5 % (v/v) devem informar essa presença no rótulo. No entanto, esta informação também é importante e deve ser destacada quando o assunto é alimento, mas, infelizmente, para algumas marcas de pães, valores superiores foram encontrados e não foram divulgados aos consumidores. 

A falta de divulgação deste tipo de informação nos priva da possibilidade de escolher se somos ou não expostos a este ingrediente, o que é especialmente perigoso e totalmente desaconselhável o consumo, principalmente para crianças, gestantes e mulheres que estão amamentando, conforme adverte a Clínica Mayo. 

Essa advertência existe porque não há nenhum nível seguro para o consumo de álcool durante a lactação, uma vez que este ingrediente será transpassado para o leite materno e para o bebê. Muitas outras condições recebem contraindicação deste consumo, como pessoas com doenças crônicas, idosos, adolescentes, entre outros.

 

O que devemos fazer? 

Claro que existe um problema grave de rotulagem e, muitas vezes, de omissão de informações, contudo, algumas dicas podem nos ajudar na menor exposição ao álcool que está presente nos alimentos:

  • Leia atentamente os rótulos dos alimentos, principalmente a parte de ingredientes, e evite consumir alimentos que contenham muitos aditivos alimentares, uma vez que vimos que muitos deles contém aditivos álcool, elevando a sua concentração de forma excessiva e pouco segura para o consumo.
  • Priorize uma alimentação o mais natural possível, voltada para o consumo de alimentos menos industrializados ou até mesmo produzidos/feitos por pequenos produtores, uma vez que estes são mais acessíveis, tornando o questionamento sobre a procedência e o preparo dos alimentos possível. 

Sei o quanto o assunto alimentação pode ser controverso e complexo, muitas são as dúvidas e questionamentos, e isto faz parte do processo de conhecimento e aprendizagem. Portanto, sigo por aqui, trazendo sempre na minha coluna temas atuais e que possam contribuir para que você encontre o seu caminho no processo de busca por uma maior qualidade de vida e saúde. Cuide-se !

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.