É provável que você já tenha escutado que após 30 minutos de corrida, o corpo deixa de queimar carboidratos e começa a queimar gordura. Lendo a frase temos a percepção de que antes desse período a gordura não é utilizada, mas não é bem assim.
Primeiro, é importante entender que, quando nos exercitamos, o músculo se contrai e, para isso, precisamos de energia. A energia é fornecida na forma de trifosfato de adenosina (ou ATP). Como as quantidades de ATP armazenadas no nosso corpo são pequenas, é crucial ter sistemas extras que possam regenerar o ATP muito rapidamente.
Assim, existem alguns sistemas envolvidos. O sistema ATP-CP envolve a ação da fosfocreatina e é capaz de ressintetizar o ATP, ou seja, mantém o ATP mais tempo disponível. E inclusive é daí que surge a recomendação de suplementação de creatina. Ainda, a “queima” de gordura e carboidratos são fundamentais e os mais importantes para geração de ATP.
Durante exercícios de maior intensidade, a demanda por ATP é muito alta o que pode acelerar a produção de energia e isso significa um uso cada vez mais rápido de carboidratos. Alguns carboidratos são armazenados no fígado e músculo na forma de glicogênio, e alguns podem vir da nossa alimentação.
Podemos ver que, com intensidades crescentes do exercício físico, a contribuição tanto da glicose plasmática quanto do glicogênio muscular aumenta, mas de longe a maior contribuição vem do glicogênio muscular prontamente disponível. Por isso é tão importante o consumo adequado de carboidratos.
A gordura também vem de diferentes fontes. Existe uma gordura armazenada no músculo, conhecida como gordura intramuscular. Mesmo que os atletas possam ser magros, eles têm reservas de gordura intramuscular ligeiramente maiores nos músculos do que indivíduos menos treinados. A gordura também pode vir do tecido adiposo e ser transportada para o músculo na forma de ácidos graxos, onde sofrem a queima conhecida como oxidação.
A gordura dos alimentos é provavelmente uma fonte de energia menos importante porque chega à circulação muito lentamente e, quando chega, está na forma de grandes partículas de gordura que precisam ser decompostas em ácidos graxos antes de poderem ser usadas. A oxidação dos ácidos graxos do sangue e intramuscular aumenta em exercícios de intensidades baixas a moderadas e diminui (e isso não quer dizer que é zerada) quando a intensidade do exercício aumenta de moderada à alta.
Vejam então que a queima de carboidratos e de gorduras são processos contínuos. Ambos os processos permanecem no exercício físico, mas a magnitude da contribuição muda.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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