A função dessa glândula localizada no pescoço é a produção de hormônios que controlam a dinâmica da atividade de cada célula do corpo, regulando o metabolismo do corpo, além de influenciar na frequência cardíaca, humor e cognição.

Ela é a grande gestora da sua atividade diária, atuando no gasto calórico, produção energética, retenção de líquido, estímulo de apetite, ganho de peso, qualidade de sono, concentração, libido, fluxo menstrual entre outras tantas variáveis que interferem diretamente na nossa qualidade de vida.

A atividade tireoidiana é regulada por um hormônio hipofisário, o “hormônio estimulador da tireoide” (TSH). Essa substância é produzida na hipófise e tem sua síntese controlada por outro hormônio, o TRH. A produção tem regulação por feedback negativo dada pela presença de T3 e T4 circulantes. A tireoide secreta, principalmente, dois hormônios relacionados ao iodo, a tetraiodotironina (T4) e a triiodotironina (T3), que é a forma ativa do hormônio tireoideano.

Quando há uma secreção anormal de T4, ocorre uma aceleração metabólica basal em até quatro vezes. Uma pessoa com atividade alta da tireoide pode perder peso rapidamente e ter diversos sintomas que, em conjunto, levam à doença conhecida como hipertireoidismo.

Em contrapartida, o hipotireoidismo é caracterizado por uma atividade baixa da tireoide e leva a uma redução da taxa metabólica basal, o que resulta no aumento de peso corporal e composição de gordura. Vale lembrar que menos de 3% das pessoas obesas mostram funções tireoidianas anormais.

As doenças da tireoide acometem considerável parcela da população, especialmente —porém, não exclusivamente — o sexo feminino. A boa notícia é que para praticamente todas as doenças da tireoide existe um tratamento com ótimos resultados, inclusive para os cânceres. Este tratamento pode ser feito com o uso de medicações, elementos radioativos e, eventualmente, com a necessidade de cirurgia. Em pessoas que sofrem disfunções tireoidianas, McArdle et al (2008), cita os seguintes efeitos:

Hipotireoidismo

  • Maior consumo de oxigênio e produção de calor metabólico durante o repouso –a intolerância ao calor constitui uma queixa comum;
  • Maior catabolismo protéico com consequente fraqueza muscular e perda de peso;
  • Atividade reflexa exacerbada e distúrbios psicológicos (irritabilidade, insônia e até psicose);
  • Frequência cardíaca acelerada (taquicardia);
  • Taxa metabólica reduzida e intolerância ao frio, pela produção reduzida de calor interno;
  • Menor síntese de proteínas que produz unhas quebradiças, pelos e cabelos mais finos e pele seca e fina;
  • Atividade reflexa deprimida, lentidão da fala e dos processos ideativos e sensação de fadiga;
  • Frequência cardíaca lenta (bradicardia);
  • As alterações no humor e na cognição há muito têm sido associadas à disfunção da tireoide, sendo que o hipo e o hipertireoidismo estão associados a distúrbios psiquiátricos.

Pessoas com hipotireoidismo podem apresentar sintomas psiquiátricos e cognitivos como: lentidão de pensamento/processos mentais, aumento dos sintomas depressivos, ansiedade, instabilidade, impaciência, irritabilidade, estresse excessivo, apatia, problemas de memória e aprendizado, pensamento confuso etc. 

Os sintomas físicos podem ser percebidos mais cedo do que os psicológicos ou cognitivos.

Já pessoas com hipertireoidismo podem apresentar: ansiedade, ataques de pânico, nervosismo, mudanças de humor e instabilidade emocional, impaciência, irritabilidade, distração, hiperatividade, maior sensibilidade ao som, depressão e, em casos mais extremos, pode haver perda de contato com a realidade, delírio ou alucinações, disforia, dificuldade de concentração, perda de libido etc.

Um estudo mostrou que a depressão ocorre em quase 50% dos casos de hipotireoidismo. Outro estudo descobriu que 60% das pessoas com hipotireoidismo relataram sintomas depressivos e 63% relataram sintomas de ansiedade.

Se a mudança de humor estiver em um dos seus sintomas, há estratégias que você pode adicionar junto com o tratamento das condições subjacentes da tireoide. As formas de se ajudar a controlar essas oscilações incluem:12

  • Redução  da ingestão de (ou evite) cafeína, tabaco e álcool;
  • Dormir o suficiente e ter um sono de boa qualidade;
  • Realizar atividade física;
  • Determine o que desencadeia sua mudança de humor e tente manter um diário para procurar padrões;
  • Pratique técnicas de relaxamento, como atenção plena, exercícios respiratórios ou ioga;
  • Destine um tempo para atividades que você goste, como ouvir música, ler ou passar ao ar livre;
  • Busque sua criatividade.

 

Tratar os problemas subjacentes da tireoide geralmente melhora os sintomas psicológicos e cognitivos. Se você tiver sintomas de doença da tireoide, sejam físicos, psicológicos, cognitivos ou combinados, procure um médico, pois ele te ajudará a encontrar o melhor tratamento.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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