A curcumina está presente na Curcuma Longa (também conhecida como açafrão-da-terra) e tem recebido ampla atenção na última década, especialmente por seus possíveis mecanismos no tratamento de diversas condições clínicas. Por isso, é importante compreender quais são as suas ações e em quais territórios a curcumina atua.
Existem muitos trabalhos que investigaram a ação da curcumina para tratar doenças gastrointestinais, doenças metabólicas, condições dermatológicas, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, condições autoimunes e distúrbios psiquiátricos. Infelizmente, essas descobertas iniciais não foram consistentemente apoiadas por ensaios clínicos em humanos, não demonstrando eficácia suficiente. Mas atualmente, existem alguns estudos mais interessantes para a utilização da curcumina no tratamento de artrite.
A artrite inclui mais de 100 formas diferentes e embora as causas dessas doenças sejam diferentes, seus sintomas e tratamentos são semelhantes. Vale observar que a prevalência mundial da osteoartrite no joelho aumentou 26,6% de 1990 a 2010 e afeta cerca de 9,6% dos homens e 18 % das mulheres com mais de 60 anos. Embora a artrite esteja associada a inflamação e dor, a sua causa exata permanece incerta e o principal objetivo do tratamento da artrite é reduzir a dor nas articulações induzida pela inflamação, desgaste diário das articulações e distensões musculares. Os medicamentos existentes para o tratamento são analgésicos, esteróides e antiinflamatórios não esteróides (AINEs), que reduzem os sintomas, como dor intensa e inflamação.
Assim, a curcumina surgiu como potencial estratégia complementar para auxiliar no tratamento convencional da artrite através da sua atividade anti-inflamatória. O artigo científico de Daily, publicado em 2016, avaliou diversos estudos que fornecem evidências científicas de que 8 a 12 semanas de tratamento com curcumina (normalmente 1.000 mg/dia) podem reduzir os sintomas da artrite (principalmente dor e sintomas relacionados à inflamação).
Outros estudos também já demonstraram dados semelhantes e que geram grande expectativa em profissionais da saúde e especialmente em indivíduos que apresentam artrite. Mas é importante observar que alguns deles ainda são inconclusivos e precisamos de mais indivíduos avaliados para confirmar a eficácia terapêutica da curcumina para a artrite. Portanto, no momento não temos 100% de certeza sobre a eficácia da curcumina para ela.
Outro desafio da curcumina é sua baixa biodisponibilidade. De fato, alguns pesquisadores argumentaram que, devido à sua natureza instável e não biodisponível, a maior parte da curcumina oral é excretada nas fezes (≤90%). Para superar esse problema, vários métodos foram realizados para aumentar sua biodisponibilidade. Isso inclui o uso de adjuvantes como piperina, formulação de curcumina lipossômica, nanopartículas de curcumina, complexos fosfolipídicos de curcumina e o uso de análogos estruturais da curcumina, como óleo de açafrão.
Assim, embora nem todos os estudos até o momento tenham um número suficiente de indivíduos para permitir uma recomendação definitiva para o uso de curcumina como tratamento para artrite, eles fornecem uma justificativa convincente para seu uso como um adjuvante dietético à terapia convencional. Dessa forma, enquanto não temos todas as respostas científicas que desejamos, é possível inserir a curcumina como tratamento complementar aos fármacos classicamente utilizados.
*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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