O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e que, durante os primeiros 6 meses, o bebê receba somente leite materno (aleitamento materno exclusivo), ou seja, sem necessidade de sucos, chás, água e outros alimentos. Isto porque o leite materno é o alimento ideal em termos nutricional e imunológico, já que fornece nutrientes em boas quantidades e proporção, além de fácil assimilação e de auxiliar na formação do sistema imunológico

O desenvolvimento da microbiota intestinal também recebe influência direta deste alimento, no entanto, amamentar não é tão simples quanto parece. Para que esse momento seja bem aproveitado, é necessário uma boa preparação por parte da mãe.

O que ninguém comenta é que a preparação necessária para este momento, é um processo que deve ser preferencialmente interdisciplinar, ou seja, vários profissionais trabalhando por um bem comum (nutricionista, psicólogo, médico obstetra e enfermeira), preparando a mulher para esta fase cheia de emoções e muito desafiadora. 

 

Preparação prévia à gestação

Antes de pensar em engravidar, é necessário garantir bons hábitos alimentares e certificar-se de que não há nenhuma deficiência nutricional. Para isto uma consulta detalhada com o nutricionista associado a realização de exames para verificar o status de nutrientes como ferro, vitamina B12, ácido fólico, vitamina D, cálcio, proteína em seu organismo, não pode faltar. Muitas vezes é necessário algum tipo de suplementação ou mudança no hábito alimentar para garantir uma gestação e lactação em harmonia. 

 

A preparação durante a gestação

Já na gestação, a avaliação e o preparo do mamilo são de extrema importância. Há distintos tipos de mamilos e alguns podem ser considerados como planos ou invertidos, podendo dificultar a pega e sucção do leite materno pelo lactente e portanto, a amamentação. Há estratégias que podem ser realizadas para tornar este mamilo de mais fácil reconhecimento e sucção para o bebê, facilitando a vida desta mãe e tornando possível o aleitamento materno. 

A desconstrução de alguns mitos do tipo “Meu leite é fraco”, “Não produzo leite suficiente” entre tantos outros podem (e devem) ser conversados com os profissionais envolvidos neste processo, com o objetivo de diminuir a cobrança, a culpa, e muitas vezes a expectativa que envolve esta fase. 

Durante todo este processo, é necessário saber se esta mulher deseja realmente amamentar e se está preparada, segura e consciente dos desafios que podem acontecer nesta caminhada. Para dar continuidade ao aleitamento, alguns outros pontos são altamente importantes:

Não há “leite fraco”. É importante considerar que o leite materno é “espécie específico” ou seja, é totalmente produzido de acordo com o ambiente em que este recém nascido está inserido, inclusive com os anticorpos necessários, uma vez que são transmitidos pelo sistema imunológico de sua mãe.

A mulher que amamenta deve esvaziar completamente a mama, para depois oferecer a mama seguinte. Isto porque durante os primeiros minutos o leite que é liberado contém mais açúcar e proteína e menor gordura, portanto, pode produzir mais fermentação e menor aporte energético. À medida que o esvaziamento da mama vai acontecendo, este leite vai tornando-se mais denso e com mais gordura, portanto, mais calórico. Se a criança receber apenas o leite inicial, poderá ter cólica e não receber aporte necessário de calorias.

Para a correta produção de leite dois pontos são essenciais: o consumo de água e a correta “pega” e sucção da mama, ou seja, o estímulo oferecido pelo bebê. A recomendação de consumo de água é individualizada e será recomendada pelo nutricionista que lhe acompanha, enquanto a correta pega será garantida pelo adequado preparo da mama e do mamilo, como comentado anteriormente.

A mamãe que está amamentando deve, na medida do possível, manter-se tranquila e confiante para garantir a produção do hormônio chamado ocitocina, responsável pela “descida” do leite materno. Este deve ser um momento de entrega, de troca de olhares e muito amor. O psicólogo poderá auxiliar em estratégias para diminuir as cobranças e tornar o processo mais leve e prazeroso.

A alimentação da mulher que amamenta precisa ser equilibrada para aportar corretamente ao desenvolvimento da criança, evitando o consumo de café, bebida alcoólica, açúcar, industrializados, entre outros ajustes. O nutricionista certamente irá apoiar de maneira mais individualizada.

Durante o aleitamento poderá ocorrer o que chamamos de mastite, que é uma inflamação da mama pela obstrução de um ducto por onde passa o leite. Nestes casos muitas vezes o aleitamento não precisa ser interrompido, mas a avaliação médica é necessária.

É importante avaliar a possibilidade de suplementar esta mãe com ômega 3, uma vez que estudos nos mostram que este ácido graxo poliinsaturado auxilia na formação do sistema nervoso do lactente e aumenta o desempenho cognitivo. Este tema deve ser avaliado pelo nutricionista e médico de confiança.

 

Abaixo deixo alguns dos muitos benefícios do aleitamento, de acordo com o Ministério da Saúde:

quadro beneficios amamentacao 1 Amamentação e amor: como se preparar para aproveitar ao máximo esse momento

 

Estes são alguns pontos importantes e que devem ser permanentemente avaliados. Sabemos que muitas vezes não é possível amamentar e isto não deve ser um impeditivo para o desenvolvimento do vínculo entre mãe e filho. Lembre-se sempre que neste momento deve ser cultivado um ambiente de entrega, confiança e amor. Em caso de impossibilidade do aleitamento materno, outras formas são possíveis e devem ser avaliadas junto aos profissionais que assistem a mulher e seu bebê. 

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

 

Referências Bibliográficas

https://www.gov.br/
https://www.unicef.org/
Breastfeeding in clinical practice. Jornal de pediatria. Vol. 76, supl. 3 (dez. 2000), p. s238-s252.
Chaves RG, Lamounier JA, César CC. Fatores associados com a duração do aleitamento materno. J Pediatr (Rio J) [Internet]. 2007May;83(3):241–6. Available from: https://doi.org/10.1590/S0021-75572007000400009