O consumo excessivo de álcool pode transformar momentos de diversão e alegria em problemas mais graves para a saúde. Embora uma noite de bebedeira seja frequentemente associada à ressaca, o impacto do álcool vai muito além dos sintomas imediatos, como náusea e dor de cabeça. O fígado, um dos órgãos mais importantes do corpo humano, desempenha mais de 500 funções vitais, sendo uma das principais a filtragem de toxinas do sangue. Porém, o excesso de álcool pode sobrecarregar esse órgão, resultando em complicações sérias.

 

Fígado: o filtro das toxinas do corpo

Para você entender, quando ingerimos álcool, o fígado precisa processá-lo para remover as toxinas do corpo, correto? Esse processo exige que o sangue passe por uma filtragem no fígado, mas, em caso de consumo excessivo, o órgão é forçado a trabalhar em ritmo intensificado, o que pode levar a um desequilíbrio em suas funções.

O álcool permanece no corpo por diferentes períodos: cerca de 12 horas no sangue, 24 horas na respiração, 72 horas na urina e até 90 dias no cabelo. Esse tempo pode variar dependendo da quantidade de álcool consumida e da frequência com que a bebida é ingerida. Quando o consumo de álcool se torna habitual, o corpo começa a exibir sinais de que algo não está funcionando corretamente, evidenciando o impacto prolongado dessa substância na saúde.

 

Malefícios do consumo excessivo de álcool

E quando esse consumo é frequente aumenta significativamente a probabilidade de desenvolver esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado. 

O abuso do álcool pode levar à deficiência de vitamina B9, resultando em um acúmulo de homocisteína, um aminoácido produzido pelo organismo. A homocisteína está envolvida na produção de proteínas e no funcionamento do sistema nervoso, mas seu excesso pode sinalizar a apoptose (morte celular) e, ao mesmo tempo, aumentar a produção de lipídeos para reparar as membranas celulares danificadas, agravando ainda mais a condição de esteatose hepática.

 

Mas afinal, quais são os sinais que o corpo apresenta após o excesso de álcool?

Um dos primeiros sinais de problemas no fígado é sentir um incômodo no lado direito do abdômen, onde o órgão está localizado. Esse incômodo pode ser um indicativo de que o fígado está inflamado ou aumentando de tamanho. Além do incômodo, é possível sentir uma sensação de plenitude no abdômen e, em alguns casos, uma alteração na digestão. Esses sintomas podem ser decorrentes do consumo excessivo e prolongado de álcool. 

Outro sinal comum é o cansaço extremo. Mesmo após longas horas de sono, você pode se sentir constantemente exausto. Isso acontece porque, quando o fígado está comprometido, ele não consegue desempenhar suas funções corretamente, levando o corpo a um estado de fraqueza que o descanso não consegue aliviar.

A cor da urina e das fezes também pode ser um indicativo da saúde do fígado. Urina de cor mais escura, quase marrom, e fezes esbranquiçadas são sinais de que o fígado está enfrentando dificuldades, possivelmente devido a problemas na produção ou excreção de bile.

E mudanças na aparência, como o amarelamento dos olhos e da pele, podem indicar um estágio avançado de cirrose.

 

O que é cirrose alcoólica? 

A cirrose alcoólica é uma das formas mais graves de doença hepática crônica, decorrente do consumo excessivo e prolongado de álcool. Essa condição causa inflamação crônica no fígado, levando à fibrose, que é o endurecimento e cicatrização do tecido hepático, e, eventualmente, à perda de função do órgão. 

Com o tempo, a cirrose pode desencadear complicações como ascite (acúmulo de líquido no abdômen), hemorragias varicosas (sangramento nas veias dilatadas do esôfago ou estômago) e encefalopatia hepática (deterioração da função cerebral), e pode ser fatal se não for tratada adequadamente.

Além dessas complicações, a cirrose alcoólica também aumenta o risco de desenvolver câncer de fígado, uma consequência potencialmente fatal. 

Se quiser saber outras causas da cirrose, confira minha participação no podcast da IstoÉ Bem-estar. 

O fígado comprometido pela cirrose se torna incapaz de desempenhar suas funções vitais, como a produção de proteínas essenciais, à regulação dos níveis de açúcar no sangue e a desintoxicação do organismo. Por isso, é fundamental o diagnóstico precoce e a interrupção do consumo de álcool para evitar a progressão da doença, melhorando as chances de sobrevivência.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas