Mais de 70% dos brasileiros sofrem de algum tipo de distúrbio do sono, sendo a maioria insônia. Caracterizada pela dificuldade de iniciar e manter o sono contínuo durante a noite ou acordar mais cedo do que o desejado, a insônia pode estar relacionada a diversos fatores. As consequências dessa privação de sono variam desde impactar sua vida diária até piorar sua saúde mental. Com o surgimento do estudo que detectou 5 subtipos de insônia, as formas de tratamento poderão melhorar, sabendo identificar a específica para cada tipo, individualizando o tratamento do paciente.

 

O que é a insônia?

A insônia é um distúrbio do sono caracterizado pela dificuldade de adormecer ou manter uma boa noite de sono. Algumas das principais características da insônia são demorar muito para adormecer — mais de 30 minutos nesse processo; dificuldade para permanecer dormindo; acordar várias vezes durante a noite e ter dificuldade para voltar a dormir; acordar mais cedo do que o esperado e não conseguir voltar a dormir; e, o mais importante, a percepção de sono de má qualidade, sentindo-se mal ao acordar.

 

Quais são os fatores que levam à insônia?

Os fatores da insônia variam, podendo estar relacionados a predisposições naturais até para hábitos do estilo de vida

Perfeccionismo, overthinking —pensar demasiadamente, geralmente associado a preocupações exageradas ou intensas, ansiedade, até histórico de insônia na família, gênero feminino e pessoas mais idosas, são exemplos de predisposições naturais.

Outros fatores estão relacionados a acontecimentos mais temporários e eventuais, como algum estresse gerado pelo luto, divórcio, dificuldades em outros setores da sua vida, como faculdade, trabalho ou família.  

Em relação aos hábitos do estilo de vida, podemos citar longos períodos na cama, uso de telas antes de dormir, cochilos ao longo da tarde, até uma má alimentação. 

 

O estudo sobre os 5 subtipos da insônia

Pesquisadores do Netherlands Institute for Neuroscience, descobriram por meio de ressonâncias cerebrais, que existem diferentes formas da insônia, cada uma associada a um tipo específico de padrão de conexão cerebral. Apesar da distinção clínica ser mínima, afinal, independente da forma, esses pacientes sofrem das mesmas consequências da insônia, essa descoberta significa uma melhora nos tratamentos desse distúrbio. 

O estudo analisou mais de 200 pacientes com insônia, agrupando-os de acordo com seus subtipos. Os estudiosos propuseram que, se os subtipos diferissem em mecanismos biológicos, então cada subtipo iria se beneficiar de um tratamento específico para ele. 

As ressonâncias trouxeram evidências que confirmam a teoria dos pesquisadores. Cada subtipo difere biologicamente. Seguindo essa linha, os pesquisadores teorizaram que a personalidade e os traços de humor poderiam categorizar a insônia, porque a influência desses fatores poderia se estender ao sono. Caso a pessoa sofresse com o estresse ao longo do dia, as chances de serem essa a causa de interferência no seu sono seriam maiores que outros fatores. Dessa forma, tratamentos como meditação —técnica de relaxamento, seriam mais eficazes nesse subtipo influenciado pelo estresse, do que em outros subtipos. 

Além disso, a relação biológica desses subtipos da insônia também revela quais tipos estariam mais relacionados ao desenvolvimento de depressão no futuro, ajudando os pacientes, que poderiam aderir a terapias preventivas. 

 

Os 5 subtipos da insônia

Segundo este estudo: “With a latent class analysis of the questionnaire responses of 2224 participants, we identified five novel insomnia disorder subtypes: highly distressed, moderately distressed but reward sensitive (ie, with intact responses to pleasurable emotions), moderately distressed and reward insensitive, slightly distressed with high reactivity (to their environment and life events), and slightly distressed with low reactivity”.

Ou seja, os 5 subtipos identificados foram divididos em:

  • Altamente angustiado.
  • Moderadamente angustiado, mas sensível à recompensa, ou seja, com respostas intactas a emoções prazerosas.
  • Moderadamente angustiado e insensível à recompensa
  • Ligeiramente angustiado com alta reatividade —ao seu ambiente e eventos de vida.
  • Ligeiramente angustiado com baixa reatividade.

Esse estudo poderá ajudar nos avanços das pesquisas relacionadas à insônia, um distúrbio cada vez mais presente entre a população mundial, independente do país em que vive. Além disso, vale ressaltar que manter um bom estilo de vida, com alimentação saudável, praticando exercícios físicos regularmente, ajudará a manter uma boa saúde e um bom sono.

 

O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e é supervisionado por um Profissional da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas