Foi a época em que se pensava que o sexo era apenas uma necessidade fisiológica, um meio para um fim – a gravidez – ou mesmo uma obrigação do casamento. Além disso, pensavam que o sexo acontecia de forma natural, sem influências externas e sem interesse (talvez esforço) de ambas as partes envolvidas, como se fosse algo simples.
Mulheres vem estudando o comportamento sexual feminino há anos para desvendar os mitos e atravessar as dificuldades enfrentadas por tantas de nós e, assim, poder ajudar a melhorar essa experiência.
Nos anos 60 começaram os estudos científicos em sexualidade a fim de entender a fisiologia e o ciclo da resposta sexual. Os primeiros a se manifestar quanto a seus achados foram William Masters e Virginia Johnson, um casal de ginecologistas —sócios em uma clínica de terapia sexual —que entenderam o funcionamento sexual como uma linearidade, ou seja, em etapas a serem cumpridas: primeiro a excitação, depois do platô do ato sexual em si (a excitação contínua), seguido do orgasmo e da resolução (o bem-estar e relaxamento muscular após a relação).
Aproximadamente 10 anos depois, a Dra Helen Kaplan, médica, psicóloga e fundadora da primeira clínica americana para desordens sexuais, introduziu o conceito de desejo sexual, sendo anterior à excitação e a vontade de estabelecer a relação sexual a partir de algum estímulo, seja ele visão, olfato, tato, audição ou até mesmo vivências eróticas ou fantasias.
E então, recentemente, em 2002, uma psiquiatra canadense, Rosimarie Basson, finalmente constatou que não basta apenas desejo sexual da forma que havia sido apresentado para a mulher iniciar uma relação. Ela propôs um modelo em que a mulher parte de uma neutralidade sexual e que, quando estimulada, “pula” a fase de desejo sexual indo diretamente para a excitação —e aí então, ela deseja ter uma relação sexual.
Entenderam que mulheres vivem um ciclo de resposta sexual, não uma linearidade como acreditava-se 50 anos atrás. A mulher inicia a relação sexual com um estímulo que não necessariamente é sexual: pode ser uma brincadeira, um carinho, um presente, uma fala. Tanto o desejo espontâneo quanto o estímulo, para a mulher, culminam no desejo e na resposta à excitação, os quais iniciam o prazer do ato sexual e a satisfação, tanto emocional quanto física daquele momento de intimidade.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
Veja Também
Quando a dor transforma o desejo em desconforto, pode ser vaginismo
Disfunções sexuais e seu sofrimento psicológico na masculinidade
Sexo e gravidez: entenda sua vida sexual em cada trimestre da gravidez
Incontinência urinária: cerca de 60% das mulheres não recebem tratamento adequado
Dor durante a relação sexual? Entenda sobre o transtorno da dor genitopélvica