A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública global, afetando cerca de 10% da população mundial. No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas sejam portadoras da doença, e esse número tende a aumentar nos próximos anos. A DRC é caracterizada por uma perda progressiva da função renal, o que pode levar a diversas complicações graves, como hipertensão arterial, anemia, doenças ósseas e até mesmo a morte.

 

O impacto da DRC na qualidade de vida

Os pacientes com DRC em tratamento dialítico, como a hemodiálise, enfrentam uma série de desafios que impactam negativamente sua qualidade de vida. Entre esses desafios, podemos citar:

 

Carga horária extensa do tratamento: A hemodiálise é um procedimento que exige que o paciente compareça ao hospital três vezes por semana, durante 4 horas a cada vez. Isso pode dificultar o trabalho, os estudos e as atividades sociais do paciente.

 

Efeitos colaterais do tratamento: A hemodiálise pode causar diversos efeitos colaterais, como fadiga, náuseas, vômitos e câimbras. Esses efeitos colaterais podem interferir nas atividades diárias do paciente e prejudicar sua qualidade de vida.

 

Alto risco de morbidade e mortalidade: Os pacientes com DRC em tratamento dialítico apresentam um alto risco de desenvolver outras doenças e morrer. Mas a esperança está no horizonte. 

 

A inteligência artificial (IA) e a inovação tecnológica podem ser ferramentas poderosas para ajudar os pacientes com DRC a melhorar sua qualidade de vida e reduzir os riscos de morbidade e mortalidade. Através de soluções personalizadas, monitoramento constante, telemedicina e empoderamento do paciente, podemos oferecer um futuro mais saudável e promissor para aqueles que convivem com essa doença. A seguir, alguns exemplos de como essas ferramentas podem trazer benefícios concretos para os pacientes:

 

Monitoramento personalizado e predição de riscos: Através de aplicativos e dispositivos vestíveis, os pacientes podem monitorar sua saúde renal em tempo real, permitindo uma detecção precoce de problemas e uma intervenção oportuna. O uso dessas ferramentas e ações favorecem a adaptação das metas de tratamento de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, facilitando na personalização do tratamento para reduzir o risco de eventos adversos.

 

Telemedicina e acesso facilitado ao atendimento: A telemedicina facilita o acesso ao atendimento médico especializado, especialmente para pacientes que vivem em áreas remotas ou que têm dificuldade de se locomover. Além disso, realizar o acompanhamento da saúde do paciente à distância, por meio de dispositivos vestíveis e aplicativos de saúde é fundamental para garantir a adesão do tratamento pelos pacientes. Essa forma de atuação é de extrema importância, principalmente ao levar em consideração que a nefrologia é uma especialidade com poucos profissionais no Brasil. 

 

Empoderamento do paciente e autocuidado: A educação em saúde e o acesso a informações confiáveis ​​empoderam os pacientes para que assumam um papel ativo na gestão de sua saúde. A IA pode auxiliar os portadores dessa doença a serem proativos (auxiliando a tomar medidas para prevenir complicações e melhorar sua qualidade de vida), confiantes (ao facilitarem na entrega de conhecimento e habilidades para gerenciar sua doença com segurança e eficiência) e independentes (na medida que ajudam os pacientes a terem autonomia para tomar decisões sobre seu tratamento e sua saúde).

 

Educação em saúde personalizada: A inteligência artificial abre um novo mundo de possibilidades para a educação em saúde personalizada na DRC. Através de ferramentas inovadoras, existe a disponibilização de materiais educativos sobre a DRC e o tratamento dialítico, adaptados às necessidades e estilo de aprendizado individuais dos pacientes, grupos de apoio online, terapia virtual e outras formas de apoio para lidar com os desafios da DRC.

 

Em suma, a inteligência artificial e a inovação tecnológica representam um farol de esperança na luta contra a doença renal crônica. Ao oferecer soluções personalizadas, monitoramento constante, telemedicina e empoderamento do paciente, a IA abre caminho para um futuro mais saudável e promissor para milhões de pessoas que convivem com essa doença. Através do investimento em pesquisa e desenvolvimento, podemos acelerar a implementação de soluções inovadoras de IA para o tratamento da DRC e oferecer uma vida melhor para os pacientes.

 

Colaboração: Sergio Antonio Dias da Silveira Junior

CRM 113.170

Nefrologista RQE 30819

Mestre Gestão para Competitividade – EAESP – FGV – SP

Doutorando Administração – EAESP – FGV – SP

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Jha, V., Garcia-Garcia, G., Iseki, K., Li, Y., Naicker, S., Platt, D. T., & Sarnak, M. J. (2013). Chronic kidney disease: global prevalence and causes. Kidney international, 85(3), 677-687.
National Kidney Foundation. (2023). KDOQI clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification, and stratification. American Journal of Kidney Diseases, 62(1), S1-S148.
Saran, R., Robinson, B., Abbott, K. C., Agodoa, L. Y., & Kellum, J. A. (2017). USRDS 2017 annual data report: epidemiology of kidney disease in the United States. American Journal of Kidney Diseases, 70(12), S1-S256.