A dengue é uma doença do grupo de arboviroses e está presente na história do Brasil desde a sua primeira epidemia documentada entre 1981 e 1982, em Boa Vista (RR). A partir desse período, a dengue mantém-se de forma continuada, ou seja endêmica, com momentos de epidemias, quando surge um novo sorotipo ou ocorre uma alteração no predominante. 

Atualmente, o estado de São Paulo decreta emergência após confirmados 195.817 casos da doença. Neste ano, os casos voltaram a surgir e o Estado entrou em alerta de epidemia. Desta forma, voltaram as recomendações de prevenção do aumento do vetor, e a divulgação dos sintomas da doença. Por não existir um tratamento ou cura para ela, a melhor recomendação é o controle do mosquito vetor, não deixando água parada, e o cuidado em evitar picadas, como o uso de repelentes, calças e blusas compridas. 

Mas, quais são as outras formas de prevenção? Os cuidados e tratamentos existentes? E as causas para o aumento da dengue e a incidência maior em alguns estados? 

 

O que é de fato a dengue?

A dengue é uma doença do grupo das arboviroses, doenças caracterizadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes, ou seja, insetos, como no caso da dengue no Brasil, o mosquito Aedes aegypti. Além da dengue, esse mosquito causa a febre chikungunya e o Zika vírus. Para identificá-lo observe a presença de marcações brancas nas pernas e no dorso. 

Por se tratar de um mosquito “doméstico”, ele está presente dentro ou ao redor dos domicílios ou locais com grandes movimentos de pessoas, como escolas, igrejas e comércios. E quem transmite o vírus, é a fêmea, se alimentando do sangue humano para poder maturar seus ovos. Ela deposita seus ovos em locais de água limpa e parada. 

Esses detalhes são importantíssimos para compreender a sua incidência em locais urbanos e a necessidade de evitar água parada, já que é ela que permite a propagação do mosquito vetor. 

 

As cidades e a dengue

Há maior facilidade de propagação do mosquito em áreas urbanizadas por conta da maior concentração de pessoas e dos locais para o depósito dos ovos. A temperatura e a pluviosidade também são aspectos que influenciam a sua proliferação, sendo necessário um cuidado ao longo do ano, eliminando os criadouros. 

A urbanização, deficiência de saneamento básico e um crescimento populacional desordenado levam ao aumento dos casos de dengue, afinal promovem condições favoráveis para a propagação do mosquito.  

 

Sintomas

Os sintomas mais comuns são: 

  • Dores de cabeça;
  • Prostração;
  • Dores musculares e/ou articulares;
  • Dor atrás dos olhos (o mais característico);
  • Febre.

Casos mais sérios podem apresentar outros sintomas como: 

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Vômitos;
  • Acúmulo de líquidos em cavidades corporais;
  • Hipotensão postural e/ou lipotímia;
  • Letargia e/ou irritabilidade;
  • Aumento do tamanho do fígado;
  • Sangramento de mucosa;
  • Aumento do hematócrito.

Hemorragias severas, extravasamento grave de plasma e comprometimento de órgãos, são sintomas gravíssimos de casos mais sérios e fatais da doença. 

 

As diferenças entre os tipos de dengue

Existem quatro tipos de dengue, sendo que cada pessoa desenvolve os anticorpos para o tipo específico ao qual foi contaminada, mas segue vulnerável para os outros. Os quatro sorotipos são DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, estes apresentam materiais genéticos (genótipos) e linhagens distintas. 

Os casos de dengue hemorrágica são distintos da dengue clássica, por tratarem de tipos diferentes da doença. É possível contaminar-se com ambos em momentos distintos, por isso é necessário manter o controle da doença constantemente. A grande diferença se dá nos sintomas e nos riscos mais elevados no caso da hemorrágica. O tratamento é praticamente o mesmo, mas nos casos mais sérios necessita-se de maior controle e consultas médicas. 

 

Transmissão

A transmissão desse vírus ocorre principalmente pela via vetorial, com a picada do mosquito vetor, o Aedes aegypti infectado. Outras formas abrangem transfusão de sangue, o que é raro, e por via vertical, quando passa pela gestação, da mãe para o feto. 

 

Controle do mosquito

Existem algumas formas de controlar o aumento do mosquito vetor da doença. Esses cuidados são simples e facilmente aplicados em casa, pensando sempre que diminuindo o vetor, diminui-se os casos da doença.

São eles:

  • Manter a caixa d’água e qualquer reservatória de água devidamente tampados;
  • Retirar folhas e qualquer sujeira que possa gerar acúmula de água nas calhas;
  • Se você guardar pneus e garrafas em casa, tome cuidado para deixá-los tampados e as garrafas de cabeça para baixo;
  • Limpar ralos, canaletas e qualquer tipo de escoamento de água;
  • Retirar acúmula de água das bandejas do ar-condicionado, geladeiras e de vasos de plantas, ou nestes adicionar areia ou limpezas semanais;
  • Jogar larvas na terra ou no chão seco, caso as encontre;
  • Guardar brinquedos ou outros objetos que possam acumular água;
  • Em recipientes que não é possível eliminar a água acumulada, limpe-os com produtos de limpeza e inspecione semanalmente para verificar a presença de larvas do mosquito. 

 

Tratamentos

Por ser uma doença febril aguda, sistêmica, debilitante a autolimitada, a grande maioria dos pacientes com dengue conseguem se recuperar, porém há casos que podem progredir, tornando-se graves, podendo levar à óbito. Esses casos extremos estão relacionados, na maioria das vezes, pela má qualidade de assistência das redes de serviço de saúde. 

Sempre que apresentar febre repentinamente, e pelo menos um dos sintomas já descritos, procure um médico para começar o tratamento. O momento de maior alerta é após o declínio da febre. Após essa fase a piora do paciente pode ocorrer, levando a casos de hemorragias. Depois da fase crítica, o paciente tende a melhorar. Caso isso não aconteça, é provável que ele passe para um caso de dengue hemorrágica. 

Não são necessários exames específicos para início do tratamento, essas manifestações clínicas podem designar um diagnóstico clínico e confirmar a doença sem a parte laboratorial. Caso necessário, existem técnicas laboratoriais para identificar o vírus ou pesquisar anticorpos. 

Por não existir um tratamento específico, o tratamento atual é baseado na reposição de líquidos, repouso, remédios para controle dos sintomas, como a dor e a febre, mas desde que recomendados por um médico.  

Ainda, mantenha seus hábitos saudáveis, alimentando-se bem e praticando exercícios físicos, para além de estar se prevenindo da dengue, você estará cuidando da sua saúde, tendo menores chances de passar para casos graves.

E em caso de suspeita de dengue, procure um médico ou profissional da saúde!

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e supervisionado por um Profissional da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

Dengue — Ministério da Saúde (www.gov.br)
Aedes aegypti — Ministério da Saúde (www.gov.br)
Combate ao mosquito — Ministério da Saúde (www.gov.br)
Informe Semanal nº 05 – Centro de Operações de Emergências – SE 10 | 12 de Março de 2024 — Ministério da Saúde (www.gov.br)
Painel de Monitoramento da Dengue começa a receber atualização diária dos municípios paulistas – Secretaria da Saúde – Governo do Estado de São Paulo (saude.sp.gov.br)