A desinformação está em todo o lado, afetando a forma como pensamos, nos comportamos e as decisões que tomamos. Dentro da nutrição, somos inundados com produtos e serviços comerciais que pretendem gerar perda de peso, melhorar a saúde, melhorar o desempenho desportivo e curar doenças. Alguns são baseados na ciência, outros não. Na verdade, muitos são vendidos com base em afirmações infundadas ou exageradas e em falsa legitimidade científica, ou seja, baseadas em pseudociência. Por isso, é importante ter cuidado para não ser enganado.
É fato que as soluções mágicas são “atrativas”, afinal, quem não quer perder peso rápido ou aumentar massa muscular, sem grandes esforços? Torna-se até tentador usar atalhos para alcançar os objetivos sem enfrentar dificuldades, aumentando essa fama das terapias alternativas, dietas da moda e os suplementos ineficazes. Mas vale lembrar que para atingir qualquer resultado significativo de saúde e bem-estar, requer planejamento a longo prazo, dedicação de tempo e esforço constante.
Não é à toa que a indústria comercial de emagrecimento estimou receitas anuais superiores a 150 milhões de dólares nos EUA e na Europa. E quando focamos na redução de peso, uma das consequências da utilização dessas práticas inadequadas é a falta de resultado ou a facilidade em recuperação do peso, gerando o fenômeno “ioiô” no peso corporal e que, inclusive, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, insatisfação com a imagem corporal, ansiedade, depressão e perturbações do sono.
Este é apenas um exemplo de como o investimento em práticas de saúde e bem-estar ineficazes (não comprovadas) pode prejudicar a saúde da população e a minar iniciativas recomendadas por profissionais de saúde.
Todos nós preferimos resultados rápidos, de fácil aplicação, e muitas vezes desejamos subconscientemente que aquele suplemento ineficaz seja realmente milagroso. Mas existe uma alternativa para este paradigma prejudicial da saúde e bem-estar de solução rápida: o constante aprendizado.
Isso demanda a leitura de estudos robustos e de qualidade, mantendo a mente aberta a novos conceitos. Envolver-se em discussões céticas com amigos e colegas é outra forma prática de identificar e mitigar fraquezas na formação de argumentos razoáveis. Uma vez adquiridas, as competências de pensamento crítico, durarão a vida toda e podem ser ensinadas a clientes e pacientes para reduzir a sua dependência de soluções rápidas ineficazes.
Eu sei que atuar com ciência “raiz” não é simples, mas gera resultados concretos e duradouros. Existem diversas estratégias inovadoras e suplementos que podem sim ser utilizados, mas é importante definir para quem, por quanto tempo e em qual dosagem. Por isso, é fundamental avaliar os sinais, sintomas e exames bioquímicos antes de planejar uma formulação individual e direcionada, para prevenção e tratamento de doenças. Ainda é importante reconhecer que não existe um alimento ou suplemento “vilão”, ou proibido para toda e qualquer pessoa, afinal apresentamos particularidades que não devem ser ignoradas.
O ceticismo científico e o pensamento crítico, com ênfase no processo e na objetividade, na ética e na humildade, são soluções viáveis, mas apenas se trabalharmos para compreender os seus princípios e implementá-los na prática profissional. Assim, somente tendo a coragem de confrontar a pseudociência da saúde é que alteraremos o paradigma e reverteremos esse atual detrimento da ciência.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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