O laser é utilizado na Medicina há mais de 40 anos, porém, quando falamos de tratamento a laser, parece algo moderno e inovador, e em algumas situações realmente é.
Originalmente o laser era utilizado apenas para incisões ou destruição de lesões, mas a evolução das ponteiras, do controle da potência e a possibilidade de fracionamento do raio permitiram que ele fosse utilizado de diversas outras formas e em situações que antes nem imaginávamos.
Na ginecologia, o uso do laser já é bem conceituado no tratamento de lesões causadas pelo HPV, desde verrugas na vulva e em seu entorno, até lesões pré cancerígenas no colo do útero.
Algumas indicações mais recentes para o uso do laser incluem, por exemplo, a melhora da função sexual. A seguir, detalharei cada um deles.
Incontinência urinária
Para alguns casos de incontinência urinária, que é a perda de urina que acontece de forma involuntária em algumas mulheres, principalmente aquelas relacionadas ao esforço, como tossir, espirrar, dar risadas ou pegar pesos, o laser pode ser aplicado na parede anterior da vagina, que fica logo abaixo da uretra e da bexiga, estimulando a produção de colágeno e vasos sanguíneos nesses tecidos, o que pode levar a uma melhora dos sintomas, principalmente em casos mais leves.
Atrofia genital (vulva e vagina)
A diminuição hormonal que acontece na menopausa, alguns tipos de radioterapia ou medicamentos podem causar o que chamamos de atrofia genital, afetando o canal vaginal e a vulva, que é a parte externa. Os sintomas incluem diminuição da lubrificação vaginal podendo causar dores nas relações, ardência e coceira no local. Na parte externa, a vulva passa a ter um aspecto mais flácido.
O laser pode ser usado tanto para melhorar o aspecto mais murcho da pele na parte externa quanto a atrofia no canal da vagina, melhorando a lubrificação e a elasticidade. Esse efeito, do ponto de vista tanto estético quanto funcional, além de melhorar diversos aspectos na vida da mulher, acaba tendo impacto positivo na função sexual.
Para mulheres com história de câncer de mama ou outro câncer ginecológico, que não podem realizar terapia hormonal, o laser se torna uma ótima opção de tratamento para melhora da atrofia genital.
Hipertrofia de pequenos lábios
Por uma característica individual, por atrito com os tecidos das roupas ou mesmo por efeito do tempo, algumas mulheres podem ter um aumento dos pequenos lábios da vulva, causando desconforto que pode ser estético ou funcional. A cirurgia para diminuição desses lábios, chamada de ninfoplastia, tradicionalmente realizada com bisturi e tesoura pode ser feita com uma incisão a laser, o que pode proporcionar um efeito cicatricial e uma recuperação melhores do que quando realizada a técnica tradicional.
Alterações na coloração da vulva
Com o passar dos anos, algumas mulheres podem apresentar alguma mudança na coloração na região genital, pelo atrito com as roupas, efeito de alguma alteração metabólica, pós parto, radioterapia ou cicatricial. Neste caso, o laser pode ser usado como forma de uniformizar a coloração no local, em alguns casos também atenuando cicatrizes.
Líquen escleroso
Doença de pele não contagiosa que cursa com coceira, manchas esbranquiçadas, atrofia e fissuras na entrada da vagina. Com isso, o laser pode ser aplicado para uniformizar a coloração da pele no local, tratamento das fissuras e melhora da atrofia.
O laser também pode ser utilizado no tratamento de outros problemas como fissuras, plicomas (sobra de pele na região anal) e vulvodínea (dor crônica na vulva).
Já o desconforto pode variar conforme o tipo do procedimento e a região do tratamento. Quando realizado na vulva, podem ser aplicados anestésicos locais. A quantidade de sessões e a cicatrização também dependem do tipo de procedimento realizado.
O laser íntimo, seja na vagina ou na vulva, apesar de não ter muitas contraindicações, acaba tendo um apelo estético para seu uso, que se torna muitas vezes banalizado. Apesar disso, uma boa avaliação com uma indicação adequada pode trazer excelentes resultados funcionais.
*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.
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