A endometriose é caracterizada pela presença de tecidos endometriais fora do revestimento uterino, normalmente na superfície externa do útero, ovários, trompas de falópio, parede abdominal ou intestinos. Os sintomas comuns incluem dor pélvica intensa, redução da fertilidade, fadiga, dor lombar, distensão abdominal e alterações intestinais. Baseado nesses sintomas, quero te apresentar o papel da nutrição na endometriose, especialmente pela influência dos nutrientes na atividade estrogênica e nos processos inflamatórios. 

A qualidade e quantidade das gorduras, por exemplo, podem ser fatores envolvidos com a endometriose. Como os estrogênios são fundamentais no desenvolvimento da endometriose, os fatores dietéticos que modulam a atividade estrogênica podem ser clinicamente importantes. Algumas pesquisas demonstram que a redução da gordura alimentar e o aumento da fibra alimentar reduzem as concentrações circulantes de estrogênio em cerca de 10 a 25%.

Um estudo prospectivo publicado em 2010 e que avaliou 70.709 mulheres, descobriu que a ingestão de ácido palmítico (um ácido graxo saturado derivado principalmente de carne e laticínios) e gordura trans estavam associados a um risco aumentado de endometriose. Em contraste, certas gorduras podem desempenhar funções protetoras, e as mulheres que consumiam mais ômega-3 tinham menos probabilidade de serem diagnosticadas com endometriose.

Devido ao papel da inflamação na endometriose e ao fato de que a redução da gordura alimentar e o aumento da fibra alimentar reduzem as concentrações circulantes de estrogênio, os efeitos das dietas à base de vegetais têm sido de interesse clínico. Foi demonstrado que uma dieta vegana com baixo teor de gordura pode reduzir a atividade do estrogênio, assim como a gravidade e a duração da dor e modera os sintomas pré-menstruais. Os alimentos vegetais contêm quantidades maiores de compostos bioativos, quando comparados a uma dieta onívora (aquela dieta com carne na composição), que podem reduzir a inflamação. 

Um outro fator importante é o ajuste da vitamina D, que também pode desempenhar um papel na prevenção e tratamento da endometriose. Uma pesquisa científica publicada em 2020 descobriu que os níveis baixos de vitamina D estavam associados a um risco aumentado do diagnóstico de endometriose e a um aumento da gravidade dos sintomas. Assim, é fundamental verificar os níveis plasmáticos de vitamina D, para que assim, a suplementação seja feita de acordo com a necessidade. 

Portanto, uma alimentação rica em alimentos integrais e in natura, é uma excelente escolha para pacientes com endometriose. Assim, quanto mais descascar e menos desembalar: melhor.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

Referências Bibliográficas

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