Nos últimos anos, temos testemunhado uma tendência preocupante: a normalização da obesidade. Observamos uma tendência preocupante na sociedade, em que o excesso de peso parece estar sendo aceito como algo comum, ou até mesmo desejável. No entanto, é fundamental compreender por que essa tendência representa um risco significativo para a saúde pública, especialmente no contexto brasileiro.

Primeiramente, é importante compreender a escala da epidemia de obesidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos em todo o mundo estavam com excesso de peso, e mais de 650 milhões eram obesos. No Brasil, as estatísticas são igualmente alarmantes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, cerca de 61,7% da população adulta estava acima do peso e 25,9% era obesa.

A obesidade não é apenas uma questão estética; é uma questão de saúde pública. Ela está associada a uma série de doenças graves, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão, apneia do sono, câncer e muitas outras condições de saúde. O cenário se agrava quando consideramos a relação entre obesidade e mortalidade precoce.

No Brasil, os dados do Ministério da Saúde indicam que a obesidade está diretamente relacionada a um aumento na mortalidade prematura. Pessoas obesas enfrentam um risco substancialmente maior de morrer mais cedo devido a doenças relacionadas à obesidade, como diabetes e doenças cardiovasculares. Esses números têm implicações graves para a saúde da população brasileira.

Além dos impactos físicos, a obesidade também afeta a saúde mental e emocional das pessoas. Muitos indivíduos que lidam com a obesidade enfrentam estigmatização, preconceito e julgamentos, o que pode afetar negativamente a autoestima e a qualidade de vida. Além disso, a obesidade está associada a uma maior incidência de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental.

A normalização da obesidade representa um perigo ainda maior. Quando tratamos a obesidade como algo normal, minimizamos seus riscos à saúde e desencorajamos a busca por mudanças positivas nos hábitos de vida. Isso pode levar as pessoas a adotarem comportamentos prejudiciais à saúde, ignorando a necessidade de intervenção médica e a importância de um estilo de vida saudável.

Em resumo, é fundamental reconhecer que a obesidade não deve ser normalizada, especialmente considerando o cenário brasileiro, onde os números são preocupantes. Como médico, enfatizo que a obesidade é uma condição médica séria que afeta não apenas os indivíduos, mas também toda a sociedade. Devemos promover a conscientização sobre a importância de adotar hábitos de vida saudáveis, oferecer apoio àqueles que enfrentam a obesidade e trabalhar juntos para garantir um futuro mais saudável para todos. Nossa saúde e bem-estar merecem essa atenção, e os dados deixam claro que a obesidade é uma questão de vida ou morte.

 

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.